Musics...

24 de julho de 2010

Força interior II






A força interior nasce do silêncio,nas asas de Ícaro encontro o meu refúgio e de lá contemplo o mundo.Diferenças e diversidades trazem a unidade,uma humanidade e um planeta vive o momento da mudança.Guarde os momentos mais lindos no seu coração,não espere que os ventos soprem e sorriam em tua direção.Pare de correr atrás do tempo e faça o seu tempo,seja o filho do universo e perceba que a vida está dentro de ti,existem muitos motivos para chorar,mas garanto que ainda há muito mais motivos e objetivos para sonhar e sorrir.Tenha certeza que em algum canto do planeta,neste exato instante,um coração bate por ti.Tome banho de sol,não esqueça o filtro solar,aprenda a brincar com a chuva,existem pulsos de vida em cada pequeno instante e chega de reclamar.Amigos vem e vão em todas as direções,mas os verdadeiros amigos não cobram presentes e nem presenças,esperam e sabem que existe a hora certa de se reencontrar e ficam felizes por poderem partilhar e compartilhar histórias.Ande com os seus cachorros,convide um amigo e deixe que um desconhecido se aproxime e acaricie o seu melhor amigo canino.Existe aprendizado em belas palavras e em silêncios compartilhados e olhares que se cruzam jamais serão os mesmos.Arme um circo na sala de casa e faça a alegria da criançada,essas pequenas almas estão conectadas a grande força que governa e gera o universo.Não deixe morrer a criança que habita um corpo adulto,traga um saco de risadas dentro de sua alma e floresça sorrisos em rostos de desconhecidos.Este é o mundo que eu faço e este é o mundo em que vivo.
Postado por Alou além!!! O que eu vejo e ninguém vê

Força Interior...

22 de julho de 2010

Original é o Poeta...



Original é o poeta


Original é o poeta
que se origina a si mesmo
que numa sílaba é seta
noutro pasmo ou cataclismo
o que se atira ao poema
como se fosse um abismo
e faz um filho ás palavras
na cama do romantismo.
Original é o poeta
capaz de escrever um sismo.

Original é o poeta
de origem clara e comum
que sendo de toda a parte
não é de lugar algum.
O que gera a própria arte
na força de ser só um
por todos a quem a sorte faz
devorar um jejum.
Original é o poeta
que de todos for só um.

Original é o poeta
expulso do paraíso
por saber compreender
o que é o choro e o riso;
aquele que desce á rua
bebe copos quebra nozes
e ferra em quem tem juízo
versos brancos e ferozes.
Original é o poeta
que é gato de sete vozes.

Original é o poeta
que chegar ao despudor
de escrever todos os dias
como se fizesse amor.
Esse que despe a poesia
como se fosse uma mulher
e nela emprenha a alegria
de ser um homem qualquer.

Ary dos Santos

Paz....

6 de julho de 2010

O Grito...


O GRITO



Ela era uma mulher silenciosa.Obediente também.Jamais dizia não.Como era difícil dizer não para ela ou talvez tivesse sido acostumada a dizer apenas sim sempre. Nunca havia questionado a mãe, mesmo quando percebia que ela estava errada, mesmo quando ela a preteria em favor de sua irmã mais velha. Nunca conseguiu entender a preferência da mãe muito bem.Ela era tão bonita e tão inteligente quanto a irmã.Por que ela nunca havia notado isso?
Acostumou-se a ficar na sombra, quieta, bem quieta. Na escola, sentava na última carteira, escondida. Em casa, ficava sempre calada em seu quarto, em seu mundo. O que é mais espantoso é que ninguém achava sua presença importante. Talvez não fosse importante mesmo!
Seus companheiros sempre foram os livros.Amava-os.Mesmo mudos podiam falar.Eram quase parecidos.Não tinha muitos, mas os que tinha, eram suficientes para fazê-la sonhar.
Às vezes, ela era uma fada, outras uma modelo famosa, mas sua melhor fantasia era de ser sereia. Fechava os olhos e podia ver milhares de pessoas embevecidas com o seu canto, prestando atenção nela, apenas nela.Quando lia um livro novo, era quase uma felicidade clandestina.Aliás era uma felicidade clandestina!Era dela, apenas dela aquele prazer. Tão poucos tivera de verdade.Mesmo agora, casada, seu único prazer era ler.
Era uma boa esposa: prestativa, calma e quieta. Ela sabia que não era feliz e sabia que ele não era feliz com ela.Nunca entendeu o porquê dele ter casado com ela.Sempre foi tão sem graça, atrativos e tudo mais que é necessário para sair da sombra. No início, pensou que ele a faria feliz, que seria diferente e melhor. Aos poucos, percebeu que não havia como alterar o destino.
Moravam com a mãe e a irmã dele e elas duas detinham o poder na casa.Era uma disputa desonesta. Foi fácil continuar calada e na sombra dele. Não teve filhos, ele não queria. Não estudou mais, ele também não queria.Também não podia trabalhar.A única coisa que lhe devolvia a vida era a sua estante com alguns livros.
Um dia de sol quando andava pelo quintal, notou que a sua sombra não a acompanhava. Na verdade, ela não saia do lugar, parecia que se recusava a segui-la. Pensou que estava vendo coisas, mas não ligou. No dia seguinte quando foi lavar a louça, a mesma coisa aconteceu.Ela foi para a cozinha enquanto a sombra pegou um livro e foi ler.A sombra nunca a seguia, fazia o que queria, o que ela queria e, no entanto, não tinha coragem para fazer. A sombra parecia se insurgir contra ela ou coisa assim.
Um dia, na casa da mãe, a sombra a abandonou e foi ao quarto de Dona Leda.Ela a seguiu. A sombra abriu uma gaveta e lhe mostrou uma caixa amarrada com um pedaço de fita amarelado. Quando ela abriu a caixa, ela finalmente entendeu o desprezo da mãe.Cartas antigas denunciavam o adultério.Ela era o fruto de um erro, um grande erro e pagou caro pelo caso de amor. Pode entender o quanto a mãe havia sofrido com o abandono do amante e com a mentira que carregou pelo resto da vida. Agora, entendia por que o pai mal olhava para ela. Ele deveria saber.Fechou a caixa, guardou a dor e gritou.Gritou forte, gritou pela primeira vez. Quebrou o silêncio, espalhou as verdades pela casa toda.Saiu correndo pelo corredor enquanto sua sombra vinha atrás alucinada. Passou pela mãe silenciosa como sempre, sumiu pela rua.
Foi para à praia, andou pela areia enquanto a sombra brincava no mar, livre. Mas não é que a sombra encontrou uma sereia e foi atrás dela. Ela até tentou gritar, porém sua voz não saia.
Ela estava muda, completamente muda. A sombra foi embora para o fundo do mar.Ela nunca mais foi vista. Dela só restou o último e único grito...de sua mãe enlouquecida de remorso e dor.

Karla Bardanza

O Grito...